desmatamento, somado às queimadas na Caatinga, contribuiu para o avanço do processo de desertificação do único bioma exclusivamente brasileiro. O trabalho do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio das ações das divisões técnicas dos nove estados que compõem o bioma, busca proteger e preservar o ecossistema local.
Com o avanço da agropecuária no país, o bioma – que é conhecido pela terra seca e pela flora que se adapta bem ao clima semiárido, a exemplo da espécie Mandacaru (Cereus jamacaru) – sofre um grande perigo com o empobrecimento dos solos. Por isso, além das ações de fiscalizações regularmente realizadas pela autarquia, atividades de recuperação ambiental também são importantes quando se trata de preservação.
Diferentemente da Mata Atlântica, a recuperação na Caatinga se torna mais complicada se as áreas degradadas perderem a resiliência, ou seja, a capacidade de se recuperarem de forma passiva, sem plantio de novas mudas, e de maneira assistida, com um acompanhamento que promova a cessação de fatores de degradação para que a vegetação se desenvolva sozinha.
Esse trabalho nos estados que, de alguma forma, se tornou coletivo para a conservação e a luta pela Caatinga, resultou em nove mil hectares de área em processo de recuperação, acompanhados desde 2019 até agora. A situação dessas e de novas áreas em acompanhamento é constantemente atualizada no sistema Recooperar, plataforma de gestão de áreas degradadas ou alteradas em todo o território nacional.
Ações de sucesso
Em Pernambuco, por exemplo, ações como o Programa de Educação Ambiental para Recuperação de Nascentes e Olhos D'água na Terra Indígena (TI) Xukurú do Ororubá são incentivadas pelo Ibama por intermédio do Núcleo de Educação Ambiental. O intuito desse projeto é que, no processo de recuperação, sejam implantadas agroflorestas, garantindo a revegetação das áreas degradadas com espécies nativas e espécies de importância alimentar, mesmo que exóticas, visando à segurança alimentar e à geração de renda para a comunidade indígena, além da preservação dos recursos hídricos.
Até o momento, 400 mudas da vegetação nativa já foram plantadas ao redor de duas nascentes na TI e a previsão é que, por meio da colaboração com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sejam plantadas mais 950 mudas, essas de espécies frutíferas, no decorrer do ano.
Em Sergipe, além das fiscalizações nas áreas já embargadas para acompanhar atividades da recuperação ambiental por meio dos modelos passivos e assistidos, o Sistema Agroflorestal (SAF) está começando a ser empregado em áreas livres, onde não há degradação do solo. Nesse sistema, são utilizados componentes de culturas de interesse comercial, como agricultura e silvicultura, durante o processo de regeneração do solo.
Para a Coordenadora de Recuperação Ambiental, Raquel Lacerda, esse trabalho é essencial na busca do equilíbrio entre a necessidade de consumir os recursos naturais e a obrigação do poder público em manter parte da biodiversidade e dos recursos naturais para as futuras gerações.
Outra ação de relevo no combate ao desmatamento da Caatinga foi a Operação Mandacaru.. A ação, conduzida pelo Ibama, resultou no embargo de 230 hectares de áreas queimadas. Comparado a anos anteriores, no último ano, os focos de calor na região foram menores. Ainda assim, houve 84 ocorrências de incêndios, com 53 combates diretos das brigadas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).